VITAE - Associação de Solidariedade e Desenvolvimento Internacional
Coisas minhas..... Às vezes, sem qualquer razão, sem que seja propositado dou por mim a olhar para as cicatrizes dos meus braços. São profundas e não me deixam esquecer de onde venho. Às vezes gostava de não ter que me recordar... Não mais pensar que um dia andei pelas ruas escuras e sujas de Lisboa sem ter lugar para dormir. Sentir as gotas da chuva a baterem na cara e procurar uma porta aberta de um prédio para me abrigar. Gostava de esquecer o sabor da cocaína depois de um caldo amaldiçoado pois veias já não havia... As calças ensanguentadas e as seringas usadas. Os algodões batidos e as caricas velhas, uma vela acesa e o rosto amargo. Às vezes parece que foi ontem. É verdade para mim parece que foi ontem. A gastar o que não tinha, entrar pelos centros comercias de mão vazias e a sair deste com o ego cheio porque tinha feito mais um roubo para uma dose. Queria esquecer o choro dos meus pais que já não mais me ace...